‘Olheiro’ de Marabá em alta
O experiente Adriano Marabá é contratado pelo
Corinthians (SP) para caçar talentos por todo país
O desleixado tratamento da gestão Andrés Sanchez às categorias de base foi assunto protagonista na disputa eleitoral que, no último mês, deu a Mário Gobbi a chance de presidir o Corinthians pelo próximo triênio. Candidato da situação, Gobbi sabe que precisará fazer o clube voltar a revelar para diminuir o investimento pesado em futebol, aumentar as módicas receitas com transferências que o clube tem gerado e recuperar a tradição de uma das bases mais fortes do país. Para isso, a aposta é em mais investimento ainda.
O Corinthians já deu início às obras para erguer um centro de treinamento exclusivo para as categorias de base, exatamente ao lado do moderníssimo CT em que trabalham os profissionais no Parque Ecológico do Tietê. A reestruturação física, por si só, já traz ganho importante para quem, já há um ano, trabalha longe de condições ideais no Parque São Jorge, plano B, ou em Guarulhos, plano C.
O que se planeja também é a ampliação sensível nos gastos com as categorias de base. Um exemplo desse projeto foi a contratação firmada na última semana do olheiro Adriano Marabá, profundo conhecedor do trabalho de captação, exatamente o que realizava para a empresa DIS. Marabá volta ao Corinthians com contrato de três anos para auxiliar na prospecção de jogadores junto a outros clubes, ponto falho da base corintiana já há muitos anos. Ele afirma ter respaldo para reorganizar todo esse trabalho, hoje deficiente.
Distante dessa realidade que praticamente exterminou as clássicas peneiras, o Corinthians enfim pretende se adequar ao trabalho de captação. Assim, monitorar os principais torneios, se aproximar dos clubes menores e contratar para a própria base. Atualmente, o Internacional é referência nesse tipo de metodologia, enquanto o São Paulo aposta em escolas parceiras e na sequência de sua formação. Os corintianos, com orçamento profundo para a prospecção, sonham em disputar com tricolores e colorados o posto de melhor base do país.
Em seu blog, o zagueiro Paulo André tem reafirmado o discurso interno do clube, onde se chegou ao consenso de que não basta apenas ter formação qualificada, mas sim ainda investir e contratar jovens de grande potencial que atuem por times menores. “A melhor decisão é contratar cinco revelações por ano ao preço de R$ 3 milhões cada ao invés de gastar R$ 15 milhões para manter 240 pessoas treinando”, escreveu. Segundo ele, R$ 15 mi é o investimento anual corintiano no departamento amador. Tarik, em reta final de contrato no Inter, por pouco não foi contratado no início da temporada. É o exemplo de negócio que se irá buscar. Matheus Índio, do Vasco, foi outro especulado.
Um ponto importante para chegar a esse patamar planejado para o próximo triênio foi a mudança profunda no comando da base, desde outubro do ano retrasado sob a administração de Fernando Alba. Internamente, a atual diretoria corintiana acredita ter revertido o quadro que era favorável à dupla Alberto Dualib e Nesi Curi, e outros parceiros. A ramificação de conselheiros ligados à antiga administração Dualib fazia da base alvinegra um feudo de difícil acesso para o grupo de Andrés Sanchez.
A conquista da Copa São Paulo em janeiro, mesmo com a base ainda muito distante das condições ideais de trabalho e sem grande organização, mostrou evolução e a força natural de um gigante. A transição conduzida pelo grupo de Fernando Alba, somada ao investimento e à ambição desse novo projeto para 2014 fazem o Corinthians sonhar com dias melhores na busca por mais talentos jovens feitos em casa. Sem precisar recorrer à batida mística de seu já extinto Terrão. Crédito das fotos: Mário Gobbi (Edson Lopes Jr-Terra) e Tarik (site oficial do Inter)